A promessa adiada da educação brasileira: desafios, retrocessos e caminhos possíveis
- Silvia Alambert Hala
- 4 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de jul.

Publicado em 04/07/2025
Por Silvia Alambert Hala (@silviaalambert_edufin)
A longa jornada da educação brasileira
Ao revisitar a história da educação brasileira, percebemos que, mesmo após quase 500 anos desde a chegada dos jesuítas, o país ainda está longe de cumprir a promessa de uma educação de qualidade e igualitária.
Avaliações internacionais, como o PISA, mostram resultados preocupantes. Em 2022, o Brasil ocupava a 65ª posição entre 81 países. A causa principal? Investimentos historicamente insuficientes, combinados com interesses políticos que ainda impedem que a educação se torne prioridade real.
Marcos históricos da educação brasileira
A era jesuítica e o abandono indígena
Em 1549, a educação foi confiada aos jesuítas, voltada majoritariamente aos meninos da elite e indígenas. As meninas eram relegadas à vida religiosa e doméstica. A expulsão dos jesuítas em 1759 causou um grande retrocesso: o Estado demorou quase 14 anos para reorganizar uma estrutura educacional mínima.
Brasil Imperial e a precarização do magistério
Durante o Império, o cenário não melhorou. A falta de formação docente e a ausência de escolas preparatórias comprometiam a qualidade do ensino. Só em 1835 surgiram as primeiras Escolas Normais, priorizando valores religiosos mais que o saber pedagógico.
Reformas republicanas e a nova LDB
Com a República, surgiram iniciativas como a Reforma Benjamin Constant (1890), que trouxe princípios de ensino gratuito e laico. Ainda assim, a exclusão era evidente: em 1920, 65% da população era analfabeta.
Na década de 1930, a Reforma Francisco Campos organizou o ensino secundário e superior. Mais tarde, a LDB de 1971 estabeleceu a obrigatoriedade de oito anos de ensino primário. Em 1996, uma nova LDB consolidou a estrutura atual da Educação Básica.
Dados recentes e desigualdades persistentes
Apesar dos avanços legais, os problemas educacionais no Brasil seguem alarmantes:
46,5 milhões de matrículas na Educação Básica em 2024 (Censo Escolar), com leve queda.
28% da população entre 15 e 64 anos é analfabeta funcional (Inaf 2022).
35% dos alunos do 5º ano não leem e interpretam textos básicos (Todos Pela Educação, 2023).
Professores brasileiros têm uma das piores remunerações da OCDE (Education at a Glance 2023).
Esses números revelam um sistema ainda desigual, com forte impacto na qualidade da educação pública e na valorização docente.
Proposta pedagógica: “Se eu fosse Ministro da Educação…”
Objetivo da atividade
Despertar nos alunos o senso crítico e o protagonismo estudantil, refletindo sobre a realidade e propondo soluções viáveis para o sistema educacional brasileiro.
Público-alvo
Estudantes do Ensino Fundamental II e Ensino MédioDuração: 2 aulas de 50 minutos
Aula 1 – Explorando a história da educação
1. Introdução e sensibilização (20 min): Panorama histórico com recursos visuais:
Chegada dos jesuítas (1549);
Expulsão e ausência de estrutura;
Reformas republicanas (Benjamin Constant e Francisco Campos);
LDBs de 1971 e 1996;
Situação atual com dados atualizados.
2. Debate orientado (30 min): Questões para discussão em grupos:
O que melhorou/piorou na educação?
Por que a educação ainda não é prioridade?
Que ações podemos realizar localmente?
Aula 2 – Protagonismo e propostas
3. Desafio criativo (30 min): Grupo elabora 3 propostas como se fossem ministros da educação. Critérios:
Viabilidade social;
Impacto local;
Inclusão e valorização dos professores.
Formatos: cartazes, slides, vídeos ou dramatizações.
4. Assembleia Estudantil (20 min): Cada grupo apresenta sua proposta. Votação entre os alunos define as mais relevantes. Professor pode registrar as ideias mais inovadoras.
Continuação transformadora (opcional)
Redação de uma Carta dos Estudantes pela Educação;
Envio para autoridades locais ou publicação em redes da escola;
Implementação de projetos simples, como clubes de leitura ou mutirões escolares.
O Brasil continua adiando a promessa de uma educação pública de qualidade, mas experiências como essa mostram que mudanças começam dentro da escola. Com conhecimento histórico, dados atualizados e engajamento dos alunos, é possível construir soluções reais e estimular o protagonismo desde cedo.
Silvia Alambert Hala é mãe, empreendedora educacional, cofundadora da www.creativewealthintl.org, empresa que atua no desenvolvimento de programas de educação financeira para crianças e jovens e treinamento de multiplicadores dos programas no Brasil e em diversos países há cerca de 20 anos, palestrante Tedx São Paulo Adventures, coautora do livro “Pai, Ensinas-me a Poupar” (editora Rei dos Livros, Portugal), educadora financeira de crianças, jovens e suas famílias.
RadiumWeb e Creative Wealth Internacional firmaram uma parceria colaborativa para fornecer educação financeira abrangente para brasileiros em todo o mundo.
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