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Copom Mantém Taxa Selic em 15% ao Ano: Entenda a Decisão e o Que Esperar para 2026

Taxa Selic mantida em 15% ao ano pelo Copom em dezembro de 2025, representada por gráficos financeiros ascendentes e moedas douradas
A taxa Selic permanece em 15% ao ano, refletindo a estratégia do Banco Central para controlar a inflação brasileira

Publicado em 17/12/2025 / 22:00

Por Ricardo São Pedro (@radiumweb)

A 275ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em 9 e 10 de dezembro de 2025, trouxe uma decisão unânime que impacta diretamente seus investimentos e o bolso dos brasileiros: a taxa Selic permanece em 15% ao ano. Mas o que isso significa para a economia brasileira e para suas finanças?


Taxa Selic 2025: Por Que o Banco Central Manteve os Juros em 15%?


O Banco Central do Brasil, sob a presidência de Gabriel Galípolo, decidiu manter a taxa básica de juros sem alterações. A decisão foi tomada por unanimidade pelos nove membros do Copom, sinalizando consenso sobre a necessidade de juros elevados por um "período bastante prolongado".


Principais Motivos para Manutenção da Selic


A ata do Copom revela três razões fundamentais para manter os juros altos:


1. Inflação Acima da Meta


  • IPCA projetado para 2025: 4,4% (meta oficial: 3,0%)

  • IPCA projetado para 2026: 3,5%

  • Expectativas do mercado (Focus) permanecem elevadas: 4,4% e 4,2%


2. Expectativas Desancoradas


O Comitê enfatizou que as expectativas de inflação estão desancoradas em todos os horizontes temporais. Isso significa que o mercado não acredita que a inflação voltará rapidamente para a meta, exigindo juros mais altos por mais tempo.


3. Preocupações Fiscais


A ata menciona explicitamente o "esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal" como fator que pode elevar a taxa de juros neutra da economia.


O Que é a Taxa Selic e Como Ela Afeta Você?


A Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é a taxa básica de juros da economia brasileira. Quando ela está em 15% ao ano, isso impacta:


  • Investimentos de renda fixa: maior rentabilidade para Tesouro Direto, CDBs e fundos DI

  • Financiamentos e empréstimos: juros mais altos para crédito pessoal, imobiliário e empresarial

  • Consumo: desestímulo ao consumo devido ao crédito mais caro

  • Câmbio: tendência de atração de capital estrangeiro, podendo fortalecer o real


Cenário Econômico Brasileiro: O Que Está Acontecendo?


Atividade Econômica em Moderação


A economia brasileira está apresentando uma trajetória de desaceleração gradual, exatamente como esperado pelo Copom. Os dados do PIB mostram:


  • Crescimento moderando conforme planejado

  • Consumo das famílias desacelerando após período forte

  • Setores sensíveis a juros (imobiliário, veículos) com maior desaceleração

  • Setores ligados à renda mantendo resiliência


Mercado de Trabalho Aquecido


Apesar da desaceleração econômica, o mercado de trabalho brasileiro permanece resiliente:


  • Taxa de desemprego em patamares historicamente baixos

  • Sinais incipientes de desaquecimento começando a aparecer

  • Mercado de trabalho "bastante apertado", segundo o Copom


Previsões para 2026: O Que Esperar dos Juros e da Inflação?


Quando a Selic Vai Cair?


A linguagem da ata é clara: a taxa de juros deve permanecer em 15% por um "período bastante prolongado". O Copom não sinalizou data para início de cortes, mas destacou que:


  • A estratégia atual é adequada para convergência da inflação à meta

  • O Comitê permanece vigilante e pode retomar altas se necessário

  • A decisão dependerá da evolução das expectativas de inflação


Projeções de Inflação

Para o horizonte relevante de política monetária (2º trimestre de 2027), a projeção de inflação está em 3,2%, próxima à meta de 3%.


Riscos no Radar do Banco Central


Riscos de Alta para a Inflação


  1. Expectativas desancoradas por período prolongado

  2. Inflação de serviços mais resiliente devido ao mercado de trabalho aquecido

  3. Câmbio persistentemente depreciado (taxa considerada: R$ 5,35/US$)

  4. Política fiscal expansionista


Riscos de Baixa para a Inflação


  1. Desaceleração econômica mais forte que o esperado

  2. Desaceleração global devido a choques comerciais

  3. Queda nos preços das commodities


Impacto da Política Fiscal na Taxa de Juros


Um dos pontos mais relevantes da ata é a discussão sobre política fiscal. O Copom deixou claro que:


"O esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia."

Isso significa que a desorganização fiscal pode tornar necessário manter juros altos por ainda mais tempo, mesmo com a inflação convergindo para a meta.


Como Investir Com Selic a 15%?


Com juros em 15% ao ano, algumas estratégias fazem mais sentido:


Investimentos Favorecidos


  • Tesouro Selic: liquidez diária e rentabilidade atrelada aos juros

  • CDBs de bancos médios: podem oferecer 110% a 120% do CDI

  • LCIs e LCAs: isenção de IR aumenta atratividade

  • Fundos DI: para valores mais altos, com gestão profissional


Cuidados Importantes


  • Crédito mais caro torna financiamentos menos atrativos

  • Empresas podem ter lucros menores devido ao custo do dinheiro

  • Ações tendem a sofrer em ambiente de juros muito altos


O Que Fazer Agora?


A decisão do Copom de manter a Selic em 15% ao ano reflete um Banco Central determinado a trazer a inflação de volta à meta, mesmo que isso signifique crescimento econômico mais fraco no curto prazo.


Para investidores e consumidores, a mensagem é clara: juros altos vieram para ficar por um bom tempo. É hora de:


  1. Aproveitar a rentabilidade da renda fixa

  2. Evitar dívidas com juros elevados

  3. Manter reserva de emergência bem remunerada

  4. Acompanhar as próximas atas do Copom para sinais de mudança


A próxima reunião do Copom acontecerá em janeiro de 2026, quando teremos novos sinais sobre a direção da política monetária brasileira.


Este artigo foi baseado na ata oficial da 275ª reunião do COPOM, realizada em 9 e 10 de dezembro de 2025.


Ricardo São Pedro é engenheiro civil com MBA em Planejamento Financeiro Pessoal e Familiar. Atua como educador e planejador financeiro, promovendo a educação financeira como instrumento de cidadania e transformação social. Idealizador da web rádio Radium, produz e apresenta programas que integram finanças, bem-estar e temas relevantes para a vida dos brasileiros. Também assina artigos no blog da rádio e participa de projetos voltados à inclusão e à segurança financeira das famílias.

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