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Por Que Avançamos Tão Lentamente com a Educação Financeira de Crianças e Jovens?

Atualizado: há 1 hora

Família reunida em casa ensinando educação financeira às crianças com moedas e cofrinho rosa sobre a mesa.
Aprender sobre dinheiro em família é o primeiro passo para formar adultos conscientes.

Por Silvia Alambert Hala


A 12ª edição da Semana Nacional de Educação Financeira (Semana ENEF) traz à tona um tema de extrema relevância: educação financeira para crianças e jovens: preparando a sociedade para escolhas conscientes.


No entanto, no Brasil, seguimos avançando lentamente nesse campo. Isso acontece devido a uma combinação de fatores estruturais, políticos, culturais e socioeconômicos que dificultam não só a educação financeira, mas a educação como um todo. Qualquer nova iniciativa, por mais promissora que seja, acaba encontrando barreiras quase intransponíveis.


A urgência da educação financeira na infância e juventude


Em meio a tantos desafios, frequentemente ouvimos: “Vamos levar esse projeto para as escolas, vai ser incrível!”. A ideia pode ser boa, seja sobre sustentabilidade, robótica ou educação financeira para crianças e jovens. Mas, na prática, tudo emperra.


Ainda tentamos plantar inovação sobre um solo seco — sem estrutura básica e sem continuidade.


Barreiras estruturais enfrentadas pelas escolas brasileiras


O primeiro passo é olhar para a base. Em muitas escolas públicas brasileiras, ainda faltam bibliotecas, laboratórios, internet e até estrutura física segura. Muitos professores atuam em jornadas duplas e não têm tempo nem formação adequada para novas metodologias. Além disso, os alunos enfrentam defasagens sérias em leitura, escrita e raciocínio lógico.


Como inovar em um cenário tão precário?


Para piorar, a cada troca de governo, as políticas públicas mudam. Projetos são interrompidos, formações descontinuadas e redes desmobilizadas. Sem continuidade, qualquer proposta perde força — e a confiança dos profissionais da educação desaparece.


O papel do professor e da comunidade escolar


Muitos programas chegam às escolas com boas intenções, mas sem preparo. São tratados como mais uma tarefa, sem conexão com o que já existe, sem adaptação à realidade local e sem escuta dos professores. Resultado: o projeto morre antes mesmo de nascer.


Educação não é moda. É base. É política pública de longo prazo. É investimento invisível no curto prazo, mas fundamental no longo prazo.


Para mudar esse cenário, é preciso coerência. Não adianta falar em inovação se a escola não tem internet. E não adianta falar em educação financeira se o professor não é valorizado ou sequer consegue organizar a própria vida financeira.


Como implementar educação financeira com qualidade


A transformação começa com quatro ações:


  1. Coerência estrutural – é preciso garantir o mínimo para começar qualquer inovação.

  2. Valorização do professor – investir na formação e bem-estar dos educadores é essencial.

  3. Projetos-piloto com qualidade – começar pequeno, ajustar à realidade local e depois expandir.

  4. Envolvimento da comunidade – famílias, empresas e organizações precisam se engajar. Quando todos participam, a escola vira um polo de desenvolvimento, não apenas um prédio.


Educação financeira é sobre consciência, não apenas economia


Ensinar crianças e jovens a lidar com dinheiro é fundamental, mas educação financeira não se resume a ensinar a poupar. É sobre pensamento crítico, escolhas conscientes, compreensão do funcionamento do mundo e posicionamento diante dele.


Ela deve ser integrada a um currículo que forme cidadãos completos e precisa começar na infância, com linguagem acessível, atividades lúdicas e diálogo com a família.


Sem base, não há construção duradoura


Se queremos inovação real, precisamos olhar para a base: valorizar o que já existe, formar quem ensina, planejar com consistência e ter paciência para colher os frutos. É essencial manter a coragem para seguir adiante, mesmo diante das dificuldades.


A educação financeira para crianças e jovens é uma das chaves para um futuro com mais escolhas, consciência e dignidade. Mas, para isso, o Brasil precisa de políticas estáveis, gestores preparados e profissionais motivados.


Educação não se improvisa. Se constrói. Junto. E com urgência.


Silvia Alambert Hala é mãe, empreendedora educacional, cofundadora da www.creativewealthintl.org, empresa que atua no desenvolvimento de programas de educação financeira para crianças e jovens e treinamento de multiplicadores dos programas no Brasil e em diversos países há cerca de 20 anos, palestrante Tedx São Paulo Adventures, coautora do livro “Pai, Ensinas-me a Poupar” (editora Rei dos Livros, Portugal), educadora financeira de crianças, jovens e suas famílias.


RadiumWeb e Creative Wealth Internacional firmaram uma parceria colaborativa para fornecer educação financeira abrangente para brasileiros em todo o mundo.



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