Guerra Tarifária Explicada para Crianças e Jovens: Ensine com Exemplos e Brincadeiras
- Silvia Alambert Hala
- 26 de abr.
- 4 min de leitura

Por Silvia Alambert Hala
Você já ouviu falar em guerra tarifária? Vamos explicar esse tema de um jeito simples para crianças e jovens entenderem, usando um exemplo bem conhecido: imagine que dois amigos brigam e um decide não mais convidar o outro para sua festa. Aí o outro, chateado, também para de chamar o primeiro para brincar. Agora, troque os amigos por países e as festas por produtos que eles compram e vendem entre si. Pronto! Você já tem uma ideia do que é uma guerra tarifária.
O que é uma guerra tarifária?
Uma guerra tarifária acontece quando países aumentam os impostos de importação (chamados de tarifas) sobre produtos que vêm de outros países, como forma de retaliação. Ou seja, se um país decide dificultar a entrada de produtos estrangeiros, o outro responde fazendo o mesmo. É como um jogo de empurra-empurra com consequências sérias para a economia mundial.
Essas tarifas tornam os produtos importados mais caros. A ideia, muitas vezes, é proteger os produtos feitos dentro do próprio país, incentivando a população a comprar o que é “da casa”. Só que isso nem sempre funciona como esperado…
Exemplos históricos de guerras tarifárias
1. Depressão e a Lei Smoot-Hawley (anos 1930)
Durante a crise econômica dos anos 1930, os Estados Unidos criaram uma lei que aumentou tarifas sobre milhares de produtos importados. Vários países responderam com tarifas também. O resultado? O comércio global encolheu e a crise se agravou.
2. EUA x Japão (década de 1980)
Os Estados Unidos estavam preocupados com a quantidade de carros japoneses no país e aplicaram tarifas para proteger suas próprias montadoras. O Japão retaliou com tarifas sobre produtos americanos, como eletrônicos e alimentos.
3. Guerra comercial entre EUA e China (desde 2018)
Um dos exemplos mais recentes: os Estados Unidos aumentaram tarifas sobre produtos chineses, alegando práticas comerciais injustas. A China respondeu com tarifas sobre produtos americanos, como soja e carros. Isso afetou o preço de produtos no mundo todo.
Por que os países entram em guerras tarifárias?
Existem três principais motivos:
Proteger a indústria nacional: o governo quer evitar que empresas locais percam espaço para produtos estrangeiros mais baratos.
Revidar práticas desleais: quando um país acha que outro está “jogando sujo”, como copiando tecnologia ou manipulando sua moeda.
Pressionar acordos: usar tarifas como forma de “barganha” para negociar tratados comerciais.
Quem são os mais afetados pelas guerras tarifárias?
Mesmo parecendo um problema só entre governos, as guerras tarifárias afetam a todos nós:
Consumidores pagam mais caro por produtos importados (e até por nacionais que usam peças vindas de fora).
Empresas enfrentam mais custos, perdem fornecedores ou clientes, e podem até demitir funcionários.
Agricultores e exportadores vendem menos quando seus produtos ficam mais caros no exterior.
Economias crescem mais devagar, o que impacta empregos e renda.
Até as crianças sentem os efeitos: menos produtos nas prateleiras e pais mais preocupados com o bolso.
Existe solução para uma guerra tarifária?
Sim! Os países podem:
Negociar acordos comerciais
Rever tarifas de maneira cooperativa
Buscar o diálogo antes de entrar em conflito
O comércio internacional é como um grande quebra-cabeça: cada país tem uma peça importante e, juntos, constroem uma economia global mais forte.
Atividade prática: O Mercado das Nações
Objetivo:
Ajudar crianças e jovens a entenderem como funcionam as relações comerciais entre países e o impacto das guerras tarifárias.
Para quem:
Crianças a partir de 7 anos (com apoio de um adulto), turmas escolares ou em família.
Materiais necessários:
½ cartolina ou 1 folha de sulfite para cada criança ou grupo
Lápis de cor ou canetinhas
Etiquetas adesivas ou post-its (coloridos)
Moedinhas de brinquedo ou botões (para simular dinheiro)
De 3 a 5 crianças (ou mais, se for em sala de aula)
Como montar os países
Cada criança (ou grupo) será um “país” e escolherá um nome e um produto para vender (pode ser fictício: “República dos Biscoitos”, “Terra do Arroz”, etc.). Decorem suas cartolinas com o nome do país e preparem 5 a 10 post-its com o produto desenhado e o preço (ex: 3 moedas).
Hora de negociar
Incentive o comércio livre: cada país pode visitar os vizinhos e comprar seus produtos usando as moedinhas. A cada compra, o vendedor entrega o post-it do seu produto.
Quando a guerra tarifária começa
O adulto avisa que um país aumentou suas tarifas. Agora, quem quiser comprar dele, paga 5 moedas em vez de 3. Outros países podem retaliar, cobrando tarifas mais altas também.
Debate final com as crianças
Ao final da atividade, sentem-se em roda e conversem:
Quem vendeu mais?
Quem ficou sem clientes ou dinheiro?
O que aconteceu quando surgiram as tarifas?
Como vocês se sentiram quando os preços subiram?
Mostre que todos ganham mais quando cooperam. O comércio internacional é melhor quando há diálogo, respeito e equilíbrio.
Se esse conteúdo te ajudou a entender melhor o que é uma guerra tarifária, compartilhe com pais, professores e educadores! Ensinar economia de forma lúdica é um passo importante para formar cidadãos mais conscientes.
Silvia Alambert Hala é mãe, empreendedora educacional, cofundadora da www.creativewealthintl.org, empresa que atua no desenvolvimento de programas de educação financeira para crianças e jovens e treinamento de multiplicadores dos programas no Brasil e em diversos países há cerca de 20 anos, palestrante Tedx São Paulo Adventures, coautora do livro “Pai, Ensinas-me a Poupar” (editora Rei dos Livros, Portugal), educadora financeira de crianças, jovens e suas famílias.
RadiumWeb e Creative Wealth Internacional firmaram uma parceria colaborativa para fornecer educação financeira abrangente para brasileiros em todo o mundo.
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