Economia Grisalha: Planejamento para Envelhecer com Qualidade
- Silvia Alambert Hala
- 18 de jul.
- 4 min de leitura
Publicado em 18/07/2025
Por Silvia Alambert Hala (@silviaalambert_edufin)
Envelhecer é uma certeza, mas a forma como viveremos essa fase — com saúde, autonomia e propósito — depende de decisões que tomamos ainda na juventude. Em um cenário de aumento da longevidade e transformação social, cresce o debate sobre moradias adaptadas, saúde mental e independência financeira na terceira idade.
O que você tem feito hoje para garantir um futuro mais tranquilo e cheio de possibilidades?
A economia grisalha e o novo perfil da população
No Brasil, o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4% entre 2010 e 2022, segundo o IBGE. Já são mais de 22 milhões de idosos e essa população deve representar 37,8% do total de brasileiros até 2070. Esse grupo movimenta mais de R$ 2 trilhões por ano, de acordo com o Instituto Locomotiva, o que representa aproximadamente 23% do consumo nacional. Esse fenômeno é chamado de economia grisalha ou economia prateada — um mercado em plena expansão, com foco em saúde, lazer, moradia, tecnologia e finanças para pessoas com mais de 50 anos.
Com o envelhecimento da população e famílias cada vez menores, cresce no Brasil o interesse por soluções de moradia voltadas à terceira idade. Ganha força o conceito de senior living: condomínios planejados para oferecer acessibilidade, segurança, atividades sociais e cuidados médicos. São espaços que equilibram autonomia com apoio — e permitem que o idoso viva com dignidade, sem depender exclusivamente de familiares.
Esses empreendimentos, comuns na Europa e nos EUA, começam a se espalhar pelo Brasil. Segundo reportagem da Bloomberg Línea, há hoje pelo menos 20 projetos em operação ou desenvolvimento em cidades como São Paulo, Brasília, Curitiba e Porto Alegre, com mensalidades que podem variar de R$ 4.000 a R$ 12.000, dependendo da estrutura e serviços oferecidos.
Outra opção são as ILPIs (Instituições de Longa Permanência para Idosos) — casas de repouso com acompanhamento integral. Apesar do estigma, muitas delas têm se modernizado, com foco em bem-estar e socialização. Também há um movimento crescente de cohousing (moradia colaborativa), em que idosos dividem espaços comuns, despesas e vivências.
Socializar: um cuidado tão importante quanto a medicação
O envelhecimento pode trazer limitações físicas e perdas emocionais. Por isso, manter-se ativo socialmente é fundamental. Segundo estudo da Unicamp, idosos solitários têm quatro vezes mais chance de desenvolver depressão. Além disso, a solidão tem sido associada ao aumento do risco de doenças cardiovasculares e declínio cognitivo.
Psicólogos e geriatras alertam: envelhecer cercado por vínculos afetivos, atividades significativas e rotinas compartilhadas favorece a saúde mental e física. Ambientes que promovem a convivência, como os condomínios sêniores, grupos de voluntariado e espaços de educação continuada, ajudam a preservar o senso de pertencimento e propósito de vida.
Por que começar a planejar o futuro desde já?
Construir um patrimônio ao longo da vida é o que garante liberdade de escolha na terceira idade. Ter uma reserva financeira consistente permite optar por uma moradia assistida, pagar por cuidados especializados ou viver com independência, sem se tornar um peso para os filhos ou depender de políticas públicas frágeis.
Quem começa cedo tem mais tempo a favor: pequenos aportes mensais, bem investidos, crescem com os juros compostos. Além disso, é possível adquirir um imóvel adaptável hoje, pensando em utilizá-lo ou alugá-lo futuramente. Ter seguros, previdência privada ou mesmo investimentos imobiliários voltados à terceira idade pode ser uma estratégia inteligente para quem deseja envelhecer com tranquilidade.
Esse será o seu boletim do futuro. Será que você terá boas notas?
Leituras e referências úteis
Se você deseja se aprofundar nesse tema, aqui vão algumas sugestões:
• Senior living no Brasil: Reportagem da Bloomberg Línea (2023) sobre o crescimento desse mercado no país.
• “A revolução da longevidade”, livro de Alexandre Kalache — um dos maiores especialistas em envelhecimento saudável.
• “Como organizar sua vida financeira”, de Gustavo Cerbasi — ideal para quem quer aprender a cuidar do dinheiro com visão de longo prazo.
• Relatório da Longevidade Bradesco Seguros (2023) — traz dados e tendências sobre o envelhecimento no Brasil.
• Plataforma “Viver Bem 60+”, com conteúdo sobre saúde, bem-estar e moradia para idosos: www.viverbem60mais.com.br
Atividade prática para fazer em família
Converse com quem você ama. Envelhecer é uma pauta de todos.
Reúnam a família e reflitam juntos: “Como cada um gostaria de viver na terceira idade?”
Pesquisem juntos sobre opções de moradia (casa própria, cohousing, ILPI, senior living) e estimem seus custos mensais.
Simulem um plano financeiro: quanto seria necessário acumular até os 65 anos para viver com conforto? Quanto poupar por mês para isso?
Compartilhem expectativas e medos, e criem juntos um “plano de envelhecimento digno”, que inclua finanças, saúde, moradia e relações.
Crie um compromisso em família: cada pessoa assume uma pequena meta — abrir uma conta de investimentos, estudar mais sobre o tema, visitar um empreendimento sênior ou conversar com um especialista.
Quem ama também educa financeiramente.
Silvia Alambert Hala é mãe, empreendedora educacional, cofundadora da www.creativewealthintl.org, empresa que atua no desenvolvimento de programas de educação financeira para crianças e jovens e treinamento de multiplicadores dos programas no Brasil e em diversos países há cerca de 20 anos, palestrante Tedx São Paulo Adventures, coautora do livro “Pai, Ensinas-me a Poupar” (editora Rei dos Livros, Portugal), educadora financeira de crianças, jovens e suas famílias.
RadiumWeb e Creative Wealth Internacional firmaram uma parceria colaborativa para fornecer educação financeira abrangente para brasileiros em todo o mundo.
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