Redes Sociais e Educação Financeira: Como Identificar Dicas Confiáveis e Evitar Armadilhas Online
- Silvia Alambert Hala
- 19 de set.
- 4 min de leitura

Publicado em 19/09/2025
Por Silvia Alambert Hala (@silviaalambert_edufin)
Vivemos em um tempo em que os jovens passam horas conectados às redes sociais. Instagram, TikTok e YouTube já não são apenas espaços de entretenimento, mas também de aprendizado. Entre os conteúdos que mais crescem está a educação financeira para jovens.
É cada vez mais comum encontrar vídeos que prometem “fórmulas mágicas” para enriquecer, dicas rápidas de investimento e até mesmo depoimentos emocionantes de quem “mudou de vida” com uma estratégia simples.
Nem julgo os jovens — muitos adultos também caem nessa. Afinal, todos estamos atrás de ganhos rápidos e fáceis. Mas sempre repito: “Se existisse um jeito fácil de fazer dinheiro, provavelmente todos estaríamos fazendo a mesma coisa.” Não é verdade?
O lado positivo das redes sociais na educação financeira
A democratização do acesso à informação é um ponto positivo. Nunca foi tão fácil encontrar conteúdo sobre poupança, investimentos, organização do orçamento ou consumo consciente.
Para a Geração Z, vídeos curtos e práticos são atrativos. Um tutorial de 60 segundos sobre “como transformar R$ 100 em R$ 1.000 em uma semana” chama muito mais atenção do que um artigo longo sobre renda fixa.
Esse formato acessível desperta curiosidade e pode ser o primeiro passo para o aprendizado financeiro. O desafio está em diferenciar o conteúdo que educa daquele que manipula.
Os riscos escondidos: armadilhas digitais nas redes sociais
A linguagem rápida, visual e empolgante cria a sensação de que enriquecer é simples. Na prática, exige disciplina, paciência e consistência. Essa ilusão pode gerar decisões impulsivas, como:
Abrir conta em corretoras sem entender os riscos.
Investir em ativos sem qualquer análise.
Seguir modismos financeiros.
Cair em golpes digitais disfarçados de “oportunidades únicas”.
Os chamados finfluencers (influenciadores financeiros) ganharam enorme popularidade. Muitos são sérios, estudam, se certificam e compartilham conteúdos de valor. Mas outros exploram a visibilidade para vender promessas vazias.
Para os jovens, distinguir entre esses perfis não é simples. A estética profissional e a narrativa carismática podem dar credibilidade a informações superficiais ou equivocadas.
Consequências de seguir dicas financeiras ruins
As redes sociais podem educar, mas também prejudicar. Alguns riscos reais:
Endividamento: jovens entram em operações de crédito sem compreender juros e prazos.
Perda de patrimônio: investimentos precipitados podem gerar prejuízos significativos.
Frustração emocional: quando a promessa de riqueza rápida não se concretiza.
Desconfiança no aprendizado: experiências negativas podem levar ao abandono da educação financeira.
Como identificar dicas financeiras confiáveis
Para não cair em armadilhas digitais, jovens, pais e professores podem seguir alguns critérios simples:
Verifique a fonteQuem compartilha a informação? Tem formação, certificação ou experiência comprovada?
Desconfie de promessas rápidasFrases como “ganhe dinheiro sem esforço” ou “enriqueça em poucos dias” são sinais de alerta.
Busque referências externasCompare com sites confiáveis, jornais e órgãos reguladores como Banco Central e CVM.
Veja se faz sentido para sua realidadeNem toda dica se aplica a todos os contextos de renda e país.
Prefira conteúdos que ensinem princípios, não apenas receitasAprender a pensar sobre dinheiro é muito mais valioso que copiar fórmulas.
O papel da família e da escola
Não se trata de proibir o acesso às redes sociais, mas de educar para o uso crítico. A alfabetização financeira precisa andar junto com a alfabetização digital.
Pais e professores podem estimular conversas abertas, mostrar exemplos reais e propor atividades práticas que transformem curiosidade em aprendizado consciente.
Atividade prática: Caça aos Fatos Financeiros
Objetivo: Desenvolver pensamento crítico e capacidade de diferenciar informação confiável de desinformação.
Indicado para: Jovens a partir de 12 anos, em casa ou em sala de aula.
Passo a passo:
1. Seleção de conteúdos
Peça que cada jovem traga, de redes sociais, duas postagens sobre dinheiro ou finanças:
• uma que considerem confiável
• uma que pareça duvidosa
2. Análise em grupo
Em roda, cada jovem apresenta seus exemplos. O grupo discute com base em três perguntas:
• Quem é a fonte?
• A promessa é realista ou exagerada?
• Existem outras fontes que confirmam essa informação?
3. Construção de critérios
Ao final, a turma elabora uma lista coletiva de critérios para avaliar dicas financeiras online. Essa lista pode ser transformada em um cartaz ou guia digital.
4. Reflexão final
Cada jovem escreve em uma frase o que aprendeu sobre como proteger-se de armadilhas financeiras nas redes.
As redes sociais vieram para ficar, e com elas uma avalanche de informações sobre dinheiro. O desafio não é afastar os jovens desse ambiente, mas capacitá-los a separar o conteúdo que inspira e educa daquele que manipula e ilude.
Se conseguirmos formar essa consciência crítica, cada curtida, vídeo ou post poderá se tornar uma oportunidade de aprendizado verdadeiro.
Quem ama também educa financeiramente.
Silvia Alambert Hala é mãe, empreendedora educacional, cofundadora da www.creativewealthintl.org, empresa que atua no desenvolvimento de programas de educação financeira para crianças e jovens e treinamento de multiplicadores dos programas no Brasil e em diversos países há cerca de 20 anos, palestrante Tedx São Paulo Adventures, coautora do livro “Pai, Ensinas-me a Poupar” (editora Rei dos Livros, Portugal), educadora financeira de crianças, jovens e suas famílias.
RadiumWeb e Creative Wealth Internacional firmaram uma parceria colaborativa para fornecer educação financeira abrangente para brasileiros em todo o mundo.
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