A Dívida Pública Brasileira: O Que Está em Jogo para o Nosso Futuro Econômico?
- Ricardo São Pedro
- 13 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de jun.

Publicado em 13/06/2025
Por Ricardo São Pedro (@radiumweb)
A dívida pública brasileira tem ocupado lugar central nos debates sobre o futuro da economia do país. Em abril de 2025, ela alcançou 76,2% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Banco Central. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI), que utiliza uma metodologia mais abrangente, estima esse número em cerca de 88,5% do PIB. Esses números preocupam — e com razão.
Por que a dívida pública brasileira é tão alta?
Existem diversas causas para o crescimento da dívida, e muitas delas são estruturais:
Gastos maiores que a arrecadação O Brasil, historicamente, gasta mais do que arrecada. São déficits fiscais recorrentes, onde o governo precisa tomar dinheiro emprestado para fechar as contas. Quando isso acontece todo ano, a dívida naturalmente cresce.
Juros altos O país possui uma das maiores taxas de juros reais do mundo. Isso significa que o custo para o governo refinanciar sua dívida é elevado, o que aumenta ainda mais o endividamento com o passar do tempo.
Orçamento engessado Mais de 90% do orçamento federal está comprometido com gastos obrigatórios, como previdência e salários. Com isso, sobra pouco espaço para ajustes rápidos que poderiam aliviar a pressão sobre as contas públicas.
Baixa arrecadação e renúncias fiscais Isenções tributárias e uma base de arrecadação limitada dificultam o equilíbrio das contas. A informalidade e a sonegação também contribuem para a fragilidade fiscal.
Desconfiança no novo arcabouço fiscal O novo regime fiscal ainda não conseguiu convencer o mercado de que o governo será capaz de estabilizar a dívida. Isso eleva a percepção de risco e o custo do financiamento público.
O que diz o FMI?
Em comunicado oficial de 2025, o FMI destacou que:
A dívida bruta brasileira está entre as mais altas entre os mercados emergentes.
Recomendou a eliminação gradual de renúncias tributárias, melhorias na administração de receitas e reformas para enfrentar a rigidez orçamentária.
Afirmou que há espaço para estabilização da dívida, desde que haja compromisso com metas fiscais realistas e reformas estruturais.
E quais são as consequências disso?
Uma dívida pública alta e crescente traz consequências práticas e imediatas para a economia — e para a vida de todos nós:
Juros mais altos, que encarecem os financiamentos e dificultam o crédito;
Menor investimento das empresas, que adiam planos de expansão por conta da incerteza econômica;
Dólar mais caro e aumento da inflação, especialmente em um país que depende de muitos insumos importados;
Menos dinheiro para saúde, educação e programas sociais, já que boa parte do orçamento é usada para pagar juros da dívida;
Risco de perda de credibilidade, o que pode afastar investidores e prejudicar ainda mais o crescimento econômico.
E o que esperar do futuro?
Se nada for feito, a projeção de muitos analistas é que a dívida brasileira ultrapasse os 90% do PIB até o final de 2025. O cenário pode piorar se a economia crescer pouco e os juros permanecerem altos.
Por outro lado, há caminhos possíveis para reverter esse quadro. O país precisa:
Gerar superávits primários (ou seja, gastar menos do que arrecada, antes do pagamento dos juros);
Fazer reformas estruturantes, como a reforma administrativa e o controle dos gastos obrigatórios;
Aumentar a confiança dos investidores com regras fiscais claras e cumpridas;
Estimular o crescimento econômico de forma sustentável.
A dívida pública brasileira não é apenas um número frio. Ela afeta os juros que você paga, o crédito que você recebe, o preço do que você compra, a qualidade dos serviços públicos e as oportunidades para você e sua família.
Ficar atento ao comportamento da dívida é entender o que está em jogo para o nosso futuro — e cobrar soluções responsáveis de quem governa. Porque, no final das contas, a saúde fiscal do país também define a qualidade de vida do seu povo.
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