Comprar Imóvel para Aluguel ou Investir em Produtos Financeiros? O que é Melhor para a Aposentadoria
- Ricardo São Pedro
- 22 de set.
- 4 min de leitura

Publicado em 22/09/2025
Por Ricardo São Pedro (@radiumweb)
Recentemente, um ouvinte da nossa web rádio trouxe uma dúvida bastante comum: "Vale a pena comprar um segundo imóvel para investir para garantir uma renda extra na aposentadoria através de aluguel?"
Essa questão é recorrente porque, no imaginário do brasileiro, possuir imóveis é sinônimo de segurança. No entanto, ao analisarmos o cenário atual com dados atualizados, é fundamental comparar números reais e avaliar custos e riscos para tomar uma decisão consciente.
Comprar imóvel para renda extra: os números atuais
Segundo estudo recente da FGV em parceria com o QuintoAndar, o rendimento médio do aluguel residencial foi de 6,2% ao ano em 2024 (cerca de 0,5% ao mês). Embora alguns proprietários tenham obtido rentabilidade total de até 19,1% ao ano quando considerada também a valorização dos imóveis, é importante destacar que esse número inclui ganhos de capital, que só se materializam na venda do bem.
Para quem busca renda mensal consistente, o foco deve estar apenas no rendimento do aluguel, que permanece na faixa de 0,4% a 0,6% ao mês sobre o valor investido, dependendo da localização e tipo do imóvel.
Por outro lado, com a Selic atualmente em 15% ao ano (setembro de 2025), aplicações em renda fixa atreladas ao CDI oferecem mais de 1,2% ao mês, sem os riscos e encargos que envolvem a gestão de um imóvel.
Além disso, o proprietário precisa considerar custos que reduzem significativamente a rentabilidade líquida:
Impostos como IPTU e Imposto de Renda sobre o aluguel recebido
Taxas de condomínio (que continuam mesmo com imóvel vazio)
Custos de manutenção, reformas e reparos
Períodos de vacância, quando o imóvel fica vazio e as despesas continuam
Taxa de administração (se usar imobiliária)
Renda fixa como alternativa para aposentadoria
Nos últimos anos, vivemos cenários bem diferentes. Em 2020, com a Selic em apenas 2% ao ano, a renda fixa perdeu atratividade, e o aluguel de imóveis chegou a se destacar. Mas o cenário mudou drasticamente: com juros elevados, a renda fixa voltou a entregar retornos superiores, mais estáveis e com liquidez diária.
Para quem busca complementar a aposentadoria, essa previsibilidade é um fator essencial, já que o objetivo não é apenas preservar patrimônio, mas garantir renda mensal confiável e crescente.
Custos e riscos do aluguel de imóveis
Investir em imóveis traz riscos e responsabilidades que muitas vezes não são considerados no planejamento inicial:
Inquilinos inadimplentes podem comprometer a renda esperada por meses
Falta de inquilinos mantém as despesas de condomínio e IPTU ativas
Desvalorização localizada do imóvel pode reduzir significativamente o valor de revenda
Baixa liquidez: vender um imóvel em caso de necessidade urgente de dinheiro pode levar meses ou até anos
Mudanças na vizinhança podem afetar tanto o valor do aluguel quanto a demanda
Questões jurídicas com inquilinos problemáticos podem gerar custos com advogados
Já a renda fixa oferece liquidez diária, previsibilidade de ganhos, simplicidade na gestão e proteção contra muitos desses riscos.
O papel da herança e da diversificação de investimentos
Se o objetivo não for apenas a aposentadoria, mas também deixar patrimônio tangível para os filhos, os imóveis podem cumprir essa função psicológica importante. Nesse caso, a diversificação estratégica faz sentido:
Uma parte majoritária do capital em aplicações financeiras, que garante renda imediata e estável para a aposentadoria
Uma parte menor em bens imobiliários, que funcionam como patrimônio de longo prazo e proteção contra inflação extrema
Mas afinal, qual é a melhor escolha para complementar a aposentadoria? Investir em produtos financeiros ou comprar um imóvel para aluguel?
Com base nos dados atuais, comprar um imóvel para obter renda extra pode transmitir segurança psicológica, mas a análise financeira mostra que a rentabilidade líquida é significativamente inferior à renda fixa. Considerando um imóvel que rende 0,5% ao mês bruto, após descontar todos os custos e riscos, a rentabilidade líquida real pode ficar abaixo de 0,3% ao mês.
Para quem busca complementar a aposentadoria de forma segura e eficiente, a renda fixa hoje oferece melhor equilíbrio entre retorno, liquidez e estabilidade. Aplicações que rendem acima de 1,16% ao mês, com liquidez diária e sem dor de cabeça, apresentam vantagem clara, com ganhos médios líquidos que giram em torno de 0,96% ao mês.
Para famílias que também pensam em herança para os filhos, o caminho mais equilibrado está em priorizar aplicações financeiras para a renda da aposentadoria e considerar um percentual menor em patrimônio imobiliário para diversificação e legado.
O essencial é alinhar a decisão ao propósito de vida: o dinheiro deve servir para garantir tranquilidade e estabilidade na aposentadoria, e não gerar preocupações adicionais com gestão de patrimônio. Lembrando sempre que o que foi trazido diz respeito ao retrato de momento da nossa economia e que esse cenário pode ser alterado com o passar do tempo e mudanças que possam ocorrer daqui pra frente.
📌 Esse artigo nasceu de uma pergunta enviada por um ouvinte da nossa web rádio. Se você também tem dúvidas sobre aposentadoria, investimentos ou renda extra, envie sua mensagem — ela pode virar o próximo tema aqui no blog.
Comentários