Ressaca Pós-Black Friday: Como Evitar Dívidas e Arrependimentos
Por Silvia Alambert Hala
A Black Friday é uma data que movimenta o comércio mundial, promovendo descontos irresistíveis e oportunidades de consumo que atraem milhões de consumidores. No entanto, quando as luzes das promoções se apagam e o e-mail da confirmação do pedido chega, muitos enfrentam a “ressaca” financeira: contas acumuladas, sensação de arrependimento e, em casos extremos, um rombo no orçamento. Este fenômeno é resultado, principalmente, da falta de planejamento e do consumo por impulso.
Por que a Black Friday é tão atraente?
A Black Friday tem como principal apelo a promessa de descontos imperdíveis. As estratégias de marketing com contadores regressivos, anúncios em destaque e slogans como “é agora ou nunca”, criam uma sensação de urgência no consumidor. Esse ambiente favorece decisões impulsivas, muitas vezes desconectadas das reais necessidades ou possibilidades financeiras.
Pesquisas mostram que grande parte das pessoas compra por impulso durante a Black Friday, seduzidas pelo medo de perder uma oferta única. No entanto, muitas dessas promoções não são tão vantajosas quanto parecem. É comum, por exemplo, que os preços de alguns produtos sejam aumentados semanas antes para que o desconto pareça maior no dia do evento.
Falta de planejamento: o maior vilão
Uma das principais razões para a ressaca financeira pós-Black Friday é a ausência de um planejamento claro. Sem saber exatamente o que precisam, quanto podem gastar ou como pagar, muitas pessoas se deixam levar pelo entusiasmo do momento.
O resultado é a compra de itens desnecessários, acúmulo de parcelas no cartão de crédito ou uso do limite do cheque especial com juros que podem comprometer o orçamento por meses.
As consequências das compras por impulso
As compras feitas sem planejamento trazem consequências que vão além das financeiras. Confira as principais:
Arrependimento: Após o entusiasmo inicial, muitas pessoas percebem que compraram itens desnecessários ou que poderiam ter esperado outra oportunidade.
Endividamento: O uso de crédito para compras por impulso, aliado à falta de planejamento, é uma receita para o descontrole financeiro.
Impacto emocional: O sentimento de culpa e estresse por não conseguir honrar compromissos financeiros pode afetar a saúde mental.
Acúmulo de bens: Produtos comprados sem necessidade muitas vezes acabam encostados, ocupando espaço e sem utilidade real.
Como evitar a ressaca pós-Black Friday no futuro
A melhor forma de evitar esse cenário é agir preventivamente. Algumas dicas para adotar antes de eventos como a Black Friday incluem:
Faça uma lista: Defina os itens que realmente precisa comprar e concentre-se neles.
Estabeleça um orçamento: Determine quanto pode gastar e respeite esse limite.
Pesquise preços com antecedência: Monitore o valor dos produtos desejados semanas antes da Black Friday para identificar se o desconto é real.
Evite o crédito desnecessário: Prefira compras à vista, se possível. Caso use o cartão de crédito, tenha um plano para quitar a fatura.
Pense antes de clicar: Antes de finalizar uma compra, pergunte-se se realmente precisa do produto e se ele cabe no seu orçamento.
Atividade prática para pais e professores
Objetivo:
Ensinar crianças e jovens a refletirem sobre o impacto do consumo por impulso e a importância do planejamento financeiro.
Material necessário:
• Folhas de papel ou caderno.
• Canetas, lápis e marcadores coloridos.
• Acesso a anúncios promocionais (jornais, panfletos ou digitais).
Passo a passo:
Simulação de orçamento: Divida os participantes em grupos ou faça individualmente. Cada criança ou jovem deve criar um orçamento fictício, definindo uma renda mensal e anotando despesas fixas (como aluguel, contas e alimentação).
Lista de desejos: Peça que escolham produtos que gostariam de comprar em uma “Black Friday fictícia” usando anúncios promocionais disponíveis. Eles devem registrar os itens, preços e justificativas para a compra.
Planejamento e escolhas: Com base no orçamento fictício, oriente os participantes a priorizarem as compras mais importantes e verificarem se os gastos cabem no orçamento.
Discussão em grupo: Promova uma conversa sobre as escolhas feitas:
• Alguma compra foi por impulso?
• Como poderiam economizar para comprar mais itens importantes?
• Como priorizar as necessidades em vez dos desejos?
5. Reflexão final: Peça que escrevam um pequeno texto ou desenhem sobre o que aprenderam.
O foco deve ser no impacto do planejamento financeiro e na importância de resistir ao consumo por impulso.
Essa atividade simples ajuda crianças e jovens a entenderem conceitos como orçamento, prioridades e controle emocional diante de decisões de consumo. Além disso, promove uma educação financeira prática, formando adultos mais conscientes e preparados.
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Silvia Alambert Hala é mãe, empreendedora educacional, cofundadora da www.creativewealthintl.org, empresa que atua no desenvolvimento de programas de educação financeira para crianças e jovens e treinamento de multiplicadores dos programas no Brasil e em diversos países há cerca de 20 anos, palestrante Tedx São Paulo Adventures, coautora do livro “Pai, Ensinas-me a Poupar” (editora Rei dos Livros, Portugal), educadora financeira de crianças, jovens e suas famílias.
RadiumWeb e Creative Wealth Internacional firmaram uma parceria colaborativa para fornecer educação financeira abrangente para brasileiros em todo o mundo.
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